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Tecnologia e Saúde: Como o NHS está sendo reinventado pela era digital no Reino Unido

O sistema de saúde britânico, o NHS (National Health Service), tem enfrentado nos últimos anos uma pressão sem precedentes: envelhecimento populacional, escassez de profissionais e filas de espera que ultrapassam 7,5 milhões de pessoas aguardando tratamento, segundo dados do próprio governo britânico em 2024. Diante desse cenário, uma revolução silenciosa – mas poderosa – tem […]

O sistema de saúde britânico, o NHS (National Health Service), tem enfrentado nos últimos anos uma pressão sem precedentes: envelhecimento populacional, escassez de profissionais e filas de espera que ultrapassam 7,5 milhões de pessoas aguardando tratamento, segundo dados do próprio governo britânico em 2024. Diante desse cenário, uma revolução silenciosa – mas poderosa – tem ganhado força nos corredores dos hospitais e nas telas dos dispositivos móveis: a digitalização da saúde.

IA e a promessa de diagnósticos mais precisos e rápidos

A inteligência artificial (IA) já é uma realidade em diversas frentes do NHS. Em Londres, por exemplo, o Royal Free Hospital utiliza um sistema de IA desenvolvido pela DeepMind (empresa do grupo Google Health) que antecipa em até 48 horas o risco de falência renal aguda com 90% de precisão. Essa tecnologia tem salvado vidas e reduzido internações desnecessárias, otimizando o uso de leitos hospitalares.

Outro exemplo vem do Moorfields Eye Hospital, também em Londres, que utiliza IA para diagnosticar retinopatia diabética e degeneração macular com acurácia comparável a médicos especialistas, liberando tempo para os profissionais humanos lidarem com casos mais complexos.

Digitalização do atendimento primário: o avanço dos apps

O NHS App, lançado em 2019, já ultrapassou a marca de 30 milhões de downloads. A plataforma permite aos cidadãos agendar consultas, solicitar receitas médicas e acessar seu histórico de saúde – tudo remotamente.

Durante a pandemia da COVID-19, esse sistema foi essencial para garantir o acesso seguro à atenção primária.

Já o aplicativo Babylon GP at Hand, que usa triagem com chatbot de IA e oferece consultas por vídeo com clínicos gerais, passou de 100 mil usuários em Londres, mostrando que a medicina digital veio para ficar – especialmente entre as faixas etárias mais jovens e tecnologicamente engajadas.

Interoperabilidade e prontuários digitais: a espinha dorsal da transformação

Um dos maiores gargalos da saúde pública mundial é a fragmentação dos dados médicos.

No Reino Unido, essa realidade começou a mudar com o sistema NHS Spine, que conecta mais de 28 mil instituições de saúde. A meta do governo é que todos os prontuários sejam eletrônicos até 2026, com dados disponíveis em tempo real para médicos, farmácias e unidades de emergência.

Segundo o Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC), hospitais com interoperabilidade avançada registraram redução de 15% no tempo médio de alta hospitalar e menos 10% de readmissões em 30 dias.

Soluções governamentais e investimentos estratégicos

Para garantir que essa revolução digital seja sustentável, o governo britânico lançou o Digital Health and Care Plan, com um investimento inicial de £2 bilhões até 2025. O plano prioriza três frentes:

1. Capacitação de profissionais: Programas como o Topol Digital Fellowship treinam médicos e enfermeiros em uso ético e técnico de IA.

2. Cibersegurança e proteção de dados: A exigência do Data Security and Protection Toolkit para todos os fornecedores do NHS visa proteger a privacidade dos pacientes.

3. Infraestrutura interoperável: Parcerias com startups e big techs são incentivadas, desde que cumpram os padrões éticos do NHSX, órgão responsável pela inovação digital na saúde pública.

Desafios em curso

Apesar dos avanços, ainda há barreiras significativas. A digitalização avança de forma desigual entre as regiões – especialmente fora dos grandes centros urbanos.

Além disso, parte dos profissionais resiste às mudanças por falta de treinamento ou medo de substituição por máquinas.

Outro ponto sensível é o acesso: quase 1 em cada 7 britânicos acima de 65 anos não usa smartphones regularmente, segundo dados da Ofcom, o que limita o alcance da saúde digital entre a população idosa.

A transformação digital do NHS é um exemplo robusto de como políticas públicas, ciência de dados e inovação podem convergir para salvar vidas e modernizar serviços essenciais.

O Reino Unido, embora enfrente obstáculos típicos de grandes reformas, caminha para ser uma referência global em saúde digital.

O que está em curso não é apenas uma mudança de tecnologia, mas uma reconfiguração da forma como o cuidado é prestado, com o paciente no centro e a inteligência artificial como aliada.

Por Bruna Oliveira | Exclusivo para Verbo News

Fontes consultadas:

NHS Digital: https://digital.nhs.uk

Department of Health and Social Care (UK): https://www.gov.uk/government/organisations/department-of-health-and-social-care

DeepMind Health: https://deepmind.google/discover/blog

NHS App Data Dashboard: https://digital.nhs.uk/data-and-information/publications/statistical/nhs-app

Babylon Health Reports: https://www.babylonhealth.com

Ofcom Technology Tracker 2024: https://www.ofcom.org.uk

NHSX Digital Health Strategy: https://www.nhsx.nhs.uk

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