Por Bruna Oliveira – Verbo News, direto de Londres
LONDRES — Aos 64 anos, Luiza Lima carrega no olhar a serenidade de quem venceu muitos desafios desde que chegou ao Reino Unido, em 2017. Imigrante brasileira, ela representa uma geração de pessoas que optaram por recomeçar a vida em outro país, enfrentando as barreiras da língua, as diferenças culturais e o processo de integração em uma sociedade marcada por tradição e excelência em serviços públicos.
A barreira da língua e o estranhamento cultural
Para Luiza, o maior desafio ao chegar em solo britânico foi o idioma. “A língua foi o mais difícil. Mesmo compreendendo alguma coisa, é frustrante não conseguir se expressar como deseja”, relata. Mas ela também percebeu nuances culturais marcantes no convívio diário com os britânicos: “O povo aqui é mais calado. A pontualidade e a honestidade são levadas muito a sério. No começo, parece frieza, mas depois você entende que é parte do jeito deles.”
Essa percepção é compartilhada por muitos imigrantes. Segundo dados do Migration Observatory da Universidade de Oxford, cerca de 42% dos adultos imigrantes relatam dificuldades iniciais com a língua inglesa, o que impacta diretamente sua integração no mercado de trabalho e nos serviços públicos.
Saúde pública como referência
Apesar dos desafios, Luiza destaca o que considera uma das maiores virtudes do país: o sistema de saúde. “A saúde aqui é fantástica, especialmente pelos encaminhamentos oferecidos pelo governo. Pela minha idade, vejo que os atendimentos são de uma educação incomparável.”
De fato, o NHS (National Health Service) é considerado um dos sistemas públicos de saúde mais acessíveis do mundo. Segundo informações, em 2023, o Reino Unido investiu cerca de £180 bilhões no NHS, com foco em cuidados preventivos, atenção primária e bem-estar da população idosa — faixa em que Luiza se encontra.
Educação, integração e fé
Luiza também compartilha como encontrou apoio e acolhimento no ambiente religioso e educacional: “O café da igreja inglesa é muito bacana. Lá conheci pessoas que me ajudaram muito.” E completa: “As escolas aqui ensinam cultura, respeito, e incentivam a integração das famílias de fora.” relata a brasileira com muita satisfação onde conta detalhes sobre a rotina de sua neta Ester, estudante adolescente no Reino Unido.
A educação britânica tem investido cada vez mais em inclusão multicultural, com programas voltados a alunos imigrantes e ensino de valores cívicos. De acordo com o Department for Education, escolas públicas em Londres atendem mais de 300 línguas faladas por estudantes, reforçando políticas de acolhimento e diversidade.
Desafios da Imigração no Reino Unido: Um olhar maduro sobre o futuro!
Para Luiza, manter o padrão de primeiro mundo vai além de infraestrutura: “Para sustentar esse modelo, a educação é essencial. Não só para os ingleses, mas para todos nós que escolhemos viver aqui. Precisamos de medidas que fortaleçam a inclusão e o aprendizado contínuo.”
O relato de Luiza Lima é um retrato sensível e real da jornada de milhares de imigrantes que não apenas buscam oportunidades no Reino Unido, mas também colaboram com sua diversidade, economia e cultura. Sua história é, antes de tudo, uma lição de resiliência.
Fontes:
Migration Observatory – University of Oxford. “English Language Use and Proficiency of Migrants in the UK.” Disponível em: https://migrationobservatory.ox.ac.uk. Acesso em: 19 mai. 2025.
NHS England. “NHS Long Term Plan: Investment and Priorities.” Disponível em: https://www.england.nhs.uk/long-term-plan. Acesso em: 19 mai. 2025.
Department for Education (DfE). “Diversity and Inclusion in English Schools.” Disponível em: https://www.gov.uk/government/organisations/department-for-education. Acesso em: 19 mai. 2025.
Office for National Statistics (ONS). “Population of the UK by Country of Birth and Nationality.” Disponível em: https://www.ons.gov.uk. Acesso em: 19 mai. 2025.
Church of England. “Community Engagement and Support Initiatives.” Disponível em: https://www.churchofengland.org. Acesso em: 19 mai. 2025.
Bruna Oliveira é jornalista e diretora de comunicação da Verbo News em Londres, com foco em migração, cidadania e temas sociais.