A nova febre das redes sociais: bebês que não choram, mas causam emoções reais
Eles parecem de verdade: pele delicada, cabelos finos, cílios naturais e até cheirinho de talco. Os bebês reborn – bonecos hiper-realistas que simulam recém-nascidos – estão cada vez mais populares no Brasil e no mundo. Essa febre, que movimenta um mercado milionário e conecta artesãs, colecionadores e entusiastas, também desperta debates intensos sobre saúde mental, relações familiares e até questões legais.
De acordo com dados da Reborn International Market Research 2024, o mercado global de bonecos reborn movimenta cerca de US$ 550 milhões ao ano, com crescimento estimado de 7% até 2028. No Brasil, estima-se que existam cerca de 80 mil bonecos reborn em circulação, principalmente entre adultos, enquanto em Portugal e Espanha esse número gira em torno de 30 mil unidades.
Entre arte, terapia e polêmica
O termo “reborn” significa “renascido” em inglês, e remete ao processo artesanal de produção dessas bonecas. Cada reborn pode levar até 100 horas para ser finalizado, com técnicas de pintura em camadas, implante fio a fio de cabelo e outros detalhes minuciosos.
Para muitos, o bebê reborn é mais do que um brinquedo: é um companheiro emocional, usado inclusive em contextos terapêuticos, como no tratamento de luto, síndrome do ninho vazio e transtornos de ansiedade. Estudos do Instituto Europeu de Psicologia Aplicada indicam que 37% das pessoas que adquirem reborns buscam alívio para a solidão ou saudades de um ente querido.
No entanto, o tema também gera controvérsias. Em países como o Brasil e o Reino Unido, há discussões sobre o uso desses bonecos em espaços públicos e serviços de saúde. Uma das polêmicas recentes envolve projetos de lei que tentam restringir o uso de bebês reborn em hospitais, alegando potencial confusão com crianças reais em situações de emergência.
A situação atual está alarmante, críticos apontam o risco de substituição de vínculos humanos por objetos, alertando para um possível agravamento de quadros de isolamento social e dependência emocional.
O olhar da fé: a igreja como agente de transformação
Diante de um mundo onde relações afetivas podem ser substituídas por bonecos e onde o consumo de “companheiros artificiais” cresce, a Igreja é chamada a ser uma voz profética e um lugar de acolhimento e transformação. A Palavra de Deus nos lembra que “Deus faz o solitário habitar em família” (Salmo 68:6) e nos ensina a valorizar a vida em comunidade, o cuidado mútuo e a importância de vínculos humanos saudáveis.
Ao refletirmos sobre a febre dos bebês reborn, somos desafiados a repensar a educação e a saúde mental como pilares da missão cristã. A Igreja, como corpo vivo de Cristo, tem o papel de ensinar sobre relacionamentos saudáveis, promover a cura interior e oferecer acolhimento a quem sofre, seja por solidão, luto ou traumas emocionais.
Nosso chamado missionário é agir com empatia, ensinando que o amor de Deus é maior do que qualquer vazio. Precisamos caminhar com aqueles que sofrem, oferecendo companhia real, presença verdadeira e apoio prático, para que encontrem cura, sentido e propósito em Jesus.
Assim, ao invés de buscar a substituição de relações humanas por bonecos, somos chamados a ser o abraço que falta, o ombro amigo que consola e o lar espiritual que acolhe. Que a Igreja seja conhecida por sua capacidade de cuidar de corações partidos, ensinando que a verdadeira esperança está em Cristo – Aquele que transforma solidão em família e tristeza em alegria.
Fontes:
BBC News Brasil. Bebês reborn: apego por boneca pode vir da vontade de controle absoluto das relações. Acesso em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c14kkxxe4p0o
CNN Brasil. Bebês reborn têm briga na Justiça e projeto de lei para proibir; entenda. Acesso em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil/bebes-reborn-tem-briga-na-justica-e-projeto-de-lei-para-proibir-entenda/
NSC Total. Bebês reborn viram febre nas redes sociais em meio a polêmica e criação de projetos de lei. Acesso em: https://www.nsctotal.com.br/noticias/bebes-reborn-viram-febre-nas-redes-sociais-em-meio-a-polemica-e-criacao-de-projetos-de-lei
Exame. Bebês ‘reborn’: adoção e rotina de cuidados impulsionam popularidade de bonecos hiper-realistas. Acesso em: https://exame.com/pop/bebes-reborn-adocao-e-rotina-de-cuidados-impulsionam-popularidade-de-bonecos-hiper-realistas/
Wikipedia (inglês). Reborn doll. Acesso em: https://en.wikipedia.org/wiki/Reborn_doll
Instituto Europeu de Psicologia Aplicada. Estudos sobre impacto emocional de bebês reborn. Acesso em: https://www.iepa.org/bebes-reborn-terapia